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sábado, 29 de abril de 2017

A Moça Tecelã ... Conhece?

Já li diversas vezes, assisti a uma peça baseada nesta história no SESC Sto Amaro anos atrás, lindíssima por sinal...Acabei de ler no Clube da Leitura claro que com reflexões diferentes e próprias a idade dos participantes mas que me surpreenderam com suas participações ... E cá estou dando a dica que indica a urdidura perfeita neste texto!

Nada substitui pegar, folhear o livro, ver as imagens construídas, mas... abaixo você poderá ler o texto despido da beleza e encanto que envolve o livro físico... Boa leitura!

Resultado de imagem para a moça tecelã


Acordava ainda no escuro, como se ouvisse o sol chegando atrás das beiradas da noite. E logo sentava-se ao tear.

Linha clara, para começar o dia. Delicado traço cor da luz, que ela ia passando entre os fios estendidos, enquanto lá fora a claridade da manhã desenhava o horizonte.

Depois lãs mais vivas, quentes lãs iam tecendo hora a hora, em longo tapete que nunca acabava.

Se era forte demais o sol, e no jardim pendiam as pétalas, a moça colocava na lançadeira grossos fios cinzentos do algodão mais felpudo. Em breve, na penumbra trazida pelas nuvens, escolhia um fio de prata, que em pontos longos rebordava sobre o tecido. Leve, a chuva vinha cumprimentá-la à janela.

Mas se durante muitos dias o vento e o frio brigavam com as folhas e espantavam os pássaros, bastava a moça tecer com seus belos fios dourados, para que o sol voltasse a acalmar a natureza.

Assim, jogando a lançadeira de um lado para outro e batendo os grandes pentes do tear para frente e para trás, a moça passava os seus dias.

Nada lhe faltava. Na hora da fome tecia um lindo peixe, com cuidado de escamas. E eis que o peixe estava na mesa, pronto para ser comido. Se sede vinha, suave era a lã cor de leite que entremeava o tapete. E à noite, depois de lançar seu fio de escuridão, dormia tranquila.

Tecer era tudo o que fazia. Tecer era tudo o que queria fazer.

Mas tecendo e tecendo, ela própria trouxe o tempo em que se sentiu sozinha, e pela primeira vez pensou em como seria bom ter um marido ao lado.

Não esperou o dia seguinte. Com capricho de quem tenta uma coisa nunca conhecida, começou a entremear no tapete as lãs e as cores que lhe dariam companhia. E aos poucos seu desejo foi aparecendo, chapéu emplumado, rosto barbado, corpo aprumado, sapato engraxado. Estava justamente acabando de entremear o último fio da ponto dos sapatos, quando bateram à porta.

Nem precisou abrir. O moço meteu a mão na maçaneta, tirou o chapéu de pluma, e foi entrando em sua vida.

Aquela noite, deitada no ombro dele, a moça pensou nos lindos filhos que teceria para aumentar ainda mais a sua felicidade.

E feliz foi, durante algum tempo. Mas se o homem tinha pensado em filhos, logo os esqueceu. Porque tinha descoberto o poder do tear, em nada mais pensou a não ser nas coisas todas que ele poderia lhe dar.

— Uma casa melhor é necessária — disse para a mulher. E parecia justo, agora que eram dois. Exigiu que escolhesse as mais belas lãs cor de tijolo, fios verdes para os batentes, e pressa para a casa acontecer.

Mas pronta a casa, já não lhe pareceu suficiente.

— Para que ter casa, se podemos ter palácio? — perguntou. Sem querer resposta imediatamente ordenou que fosse de pedra com arremates em prata.

Dias e dias, semanas e meses trabalhou a moça tecendo tetos e portas, e pátios e escadas, e salas e poços. A neve caía lá fora, e ela não tinha tempo para chamar o sol. A noite chegava, e ela não tinha tempo para arrematar o dia. Tecia e entristecia, enquanto sem parar batiam os pentes acompanhando o ritmo da lançadeira.

Afinal o palácio ficou pronto. E entre tantos cômodos, o marido escolheu para ela e seu tear o mais alto quarto da mais alta torre.

— É para que ninguém saiba do tapete — ele disse. E antes de trancar a porta à chave, advertiu: — Faltam as estrebarias. E não se esqueça dos cavalos!

Sem descanso tecia a mulher os caprichos do marido, enchendo o palácio de luxos, os cofres de moedas, as salas de criados. Tecer era tudo o que fazia. Tecer era tudo o que queria fazer.

E tecendo, ela própria trouxe o tempo em que sua tristeza lhe pareceu maior que o palácio com todos os seus tesouros. E pela primeira vez pensou em como seria bom estar sozinha de novo.

Só esperou anoitecer. Levantou-se enquanto o marido dormia sonhando com novas exigências. E descalça, para não fazer barulho, subiu a longa escada da torre, sentou-se ao tear.

Desta vez não precisou escolher linha nenhuma. Segurou a lançadeira ao contrário, e jogando-a veloz de um lado para o outro, começou a desfazer seu tecido. Desteceu os cavalos, as carruagens, as estrebarias, os jardins. Depois desteceu os criados e o palácio e todas as maravilhas que continha. E novamente se viu na sua casa pequena e sorriu para o jardim além da janela.

A noite acabava quando o marido estranhando a cama dura, acordou, e, espantado, olhou em volta. Não teve tempo de se levantar. Ela já desfazia o desenho escuro dos sapatos, e ele viu seus pés desaparecendo, sumindo as pernas. Rápido, o nada subiu-lhe pelo corpo, tomou o peito aprumado, o emplumado chapéu.

Então, como se ouvisse a chegada do sol, a moça escolheu uma linha clara. E foi passando-a devagar entre os fios, delicado traço de luz, que a manhã repetiu na linha do horizonte.





domingo, 23 de abril de 2017

Dia Mundial do Livro!!!



O Dia Mundial do Livro, ou simplesmente o Dia do Livro, é comemorado anualmente em 23 de abril.

A Unesco escolheu a data do Dia Mundial do Livro em 1995, em Paris, durante o XXVIII Congresso Geral.O dia 23 de abril foi escolhido por ser a data da morte de grandes escritores da história: William Shakespeare, Miguel de Cervantes e tem um terceiro que não lembro agora...;

Não sou muito ligada em datas comemorativas e acho chato basear-se nestas para realizar coisas, dar presentes, etc... Acaba sendo mais comercial que tudo!
Mas essa data além de homenagear também busca conscientizar as pessoas sobre os prazeres que a leitura e os livros podem dar!
Estava pensando em como agitar algo a partir desta data, olhe algumas sugestões:

1)Não se limite a um dia , mas quem sabe uma semana ou o mês de atividades relacionadas ao Livro e Leituras!

2)Escreva uma história em grupo, vai ser divertido e estará com outras pessoas de forma real , pois nosso mundo está muito virtual!

3)Faça um propósito de ler um livro por mês e antes que dê desculpas como por exemplo que não tem dinheiro...Leia a próxima dica!

4)Faça a carteirinha para utilizar bibliotecas públicas, tem algumas informações no link http://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/cultura/bibliotecas/ para quem é de SP!

5)Leia um livro em voz alta, sentindo a sua voz, entonação, imaginando os personagens e cenários!

6)Incentive as crianças a lerem versões infantis dos grandes clássicos da literatura, hoje encontramos no formato de mangá, gibis...!

7)Aproveite a oportunidade para contar a história dos grandes escritores do mundo para alguém, assim você instigará a curiosidade e vontade de ler algo sobre...!

8)Participe de um Sarau ... Tem vários e é fácil de achar na internet, segue um link do Sarau Grajaú...!

9)Assista uma peça baseada num livro e você pode fazer uma conversa entre o teatro e o Livro, no que se assemelham e no que diferem, porquê, etc...!

10)Não poderia deixar de dizer ... Separe um espaço em seu quarto, na sua casa, escola para ter Livros sempre a mão, tanto para você quanto para aqueles que chegarem a esses espaços!

(Imagem retirada da internet)